É preciso redefinir o conceito de corrupção

Por Sérgio Reis
Precisamos de uma redefinição do conceito de corrupção. E a complexidade do fenômeno em um país profundamente desigual e multifacetado como o Brasil fornece insumos fundamentais para essa construção, a qual constitui pré-requisito para a formulação de políticas públicas capazes de compreender o problema com a dimensão aqui defendida como necessária. Por evidente, a provocação a ser feita no âmbito deste ensaio quer abrir portas para uma revisão ampla da questão, sem lhe apresentar uma compreensão acabada. Queremos abrir um flanco interpretativo, o qual já começa a ser desenvolvido na literatura internacional.
A hipótese que apresento é a de que a corrupção é um instrumento de realização da injustiça, sendo ultrapassada e limitada a ideia de que ela seja mera produção de vantagem pecuniária para si ou para outrem a partir de mecanismos “ilegais”. O “ganho” que a corrupção traz não precisa ser nem apenas pecuniário, nem ocorrer a partir de artimanhas ilegais. Ele pode prosperar, por um lado, a partir de absoluta aderência às leis (manipuladas a bel prazer por quem tem maior capacidade de lobby); por outro, sem que haja um centavo envolvido: basta que o ato produza desigualdade e/ou injustiça a partir de uma intervenção objetiva voltada a esse fim.
As políticas governamentais que produzem privilégios aos já privilegiados e atos de empresas e cidadãos com o mesmo fim precisam ser enquadrados como práticas corruptas: não só diante do definido acima, mas por “criarem o caldo” para a corrupção largamente conhecida das propinas. O problema é que, dadas as definições vigentes sobre a questão, tais situações tendem a sequer serem vistas como causas para que ela exista nem, muito menos, como uma forma de manifestação desse problema.
Ao ocorrerem sistematicamente, elas legitimam o desenvolvimento de um desejo social de desigualdade – um motor poderoso, cuja ignição depende de diversas ferramentas: a corrupção poderá ser nada mais do que um atalho eficaz. Esse desejo de desigualdade pode estar ancorado em concepções morais privatistas de “certo” e “errado” – aquelas que me permitem não reconhecer o outro como igual por diferenças de ideologia, opinião, raça, gênero ou religião – e que me dão autorização para agir objetivamente em sua busca, até o ponto de esse devir se naturalizar como um “direito”.
Quando, então, policiais desarmam índios que reivindicam a posse de uma terra na véspera de uma chacina comandada por latifundiários, estamos diante não só de homicídios qualificados, mas sim de atos de corrupção, mesmo que os referidos agentes não tenham auferido qualquer valor monetário a partir de sua intervenção e de sua subsequente leniência. O que definiria a ação como corrupta não é o dinheiro envolvido produzindo uma vantagem ilegal, mas sim o uso de um diferencial de poder para o aprofundamento de uma situação de desigualdade, e a decorrente inação em meio a uma prática flagrante de injustiça. Independentemente das motivações morais em jogo, a questão é que a atuação deles produziu um novo delta de desigualdade e redundou em justiçamento. Se houve dinheiro envolvido, a corrupção se torna qualificada, mas não é isso, em si, que a constitui.
Nesta hipótese, portanto, a corrupção vigora na vigência de um tecido social esgarçado, intrinsecamente marcado por um contexto no qual cidadãos nem se veem como iguais, nem de fato desfrutam de uma experiência comum – o diferencial de poder, finanças e valores inviabiliza um espaço público compartilhado. Nesse contexto, o privatismo, o endereçamento dos dilemas públicos a partir de valores moralizantes, típicos da esfera privada, se torna o padrão – e a injustiça, rotina. Corrupção e República são contradições irresolvíveis.
Contudo, há formas de ataque a esse mal que parecem estar alicerçadas no falso trade off entre fazê-lo ou defender a República e a legalidade. Alguns dos principais atores responsáveis pela tarefa, como membros da Operação Lava Jato, defendem a adoção de medidas excepcionais por verem a “impunidade” como causa da corrupção. Demanda-se, então, por limitações de direitos, pela ampliação dos tipos penais e de sua duração, pela autonomia dos órgãos de defesa do Estado. Na medida em que a corrupção é sistêmica, para esse modelo autoritário “dar certo” seria preciso, para além de certo desapreço pela democracia, que tivéssemos “principais com princípios”, capazes de aplicar essas leis mais duras com isenção e equilíbrio, alcançando a todos. Se já é filosoficamente discutível que estes atores existam em contextos autoritários, o ponto é que, logicamente, se a corrupção é generalizada, é inviável considerar que um segmento específico, descolado desse tecido social, venha a ser, em si, “republicano”.
Na prática, o que temos é a condenação sistemática de uns e a preservação de outros (por afinidade, ideologia, etc), produzindo intergeracionalmente a “meia-justiça” como a forma de resolução dos déficits de integridade. A Lava Jato, pelo visto, não é exceção a essa regra. Na medida em que as expectativas sociais sobre o “público” e a justiça no Brasil são muito baixas, a aceitação social dessa estratégia é ampla: o apoio, em parte, parece advir da lógica do “pelo menos”, isto é, “pelo menos estamos agora pegando alguns dos poderosos de sempre”. Contudo, “meia-justiça” é injustiça em dobro, pois confere legitimidade e convicção aos protegidos para perpetuarem e ampliarem suas práticas, aí sim sob o manto de uma legítima impunidade – a meia-justiça elimina a concorrência e oligopoliza os mercados da corrupção e eleitoral. No tecido social, longe de constranger os sujeitos a refrearem suas práticas corruptas, essa lógica normaliza a injustiça em nível ainda mais alto. E ela é gêmea a fenômenos como a concessão de penduricalhos aos “homens da lei”, a “isonomia às avessas” que equaliza privilégios a membros de mesmos estamentos – justamente aqueles que dizem o Direito e defendem o patrimônio público.
O reenquadramento aqui proposto não está voltado, de forma alguma, a criar novas figuras penais. Isso significaria entrar em contradição com o espírito da crítica que buscamos fazer. Precisamos, na verdade, de um ataque indireto e sistêmico voltado à estrutura política e social do Brasil. A igualdade e a justiça social devem ser compromissos primeiros da vida pública – rejeitando-se o “moralismo” como estratégia de promoção da integridade. Reconfiguremos, enfim, os meios e fins que conformam a gestão e as políticas públicas, os modos como os espaços públicos são construídos e como a cidadania pode co-produzi-los.
Sérgio Reis é Mestre em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo e integrante do serviço público federal brasileiro desde 2012
20 de Junho de 2017

0 thoughts on “É preciso redefinir o conceito de corrupção

  1. Valdir Miranda Souza says:

    Todos tentando faturar em cima do Povo , Falar escrever coisinhas na internet é pouco para quem está no em Brasília e tem como bater de frente com estes Pilantras , Nos o Povo só temos o voto com ferramenta de combate

  2. Ronaldo Soares says:

    Sérgio Reis (este é o especialista de Políticas Públicas da FGV e da USP; não é o cantor-deputado federal com o mesmo nome, eleito por São Paulo e que votou a favor do golpe de Eduardo Cunha ano passado):
    A corrupção gera mais desigualdade, e o “moralismo”, publicamente defendido até por quem pratica a corrupção, não é estratégia de promoção da integridade.

    • Sérgio Roberto Guedes Reis says:

      Richard, agradeço a leitura. O que proponho é que ampliemos o entendimento que temos sobre o que corrupção, ao menos para compreendermos que mesmo os privilégios obtidos “legalmente”, como as diversas benesses auferidas pela classe política, por juízes, por servidores públicos, por corporações e por empresas, são práticas de corrupção.
      O livro da Claudia Wallin é recheado de exemplos que nos mostram como para os suecos a igualdade é um valor, e o privilégio e a injustiça são aspectos que destruoem a coesão da sociedade e, assim, criam espaço para a corrupção.
      A minha preocupação, como formulador de política pública, é que ataquemos os problemas públicos corretamente. Isso significa entender quais são suas causas e, então, desenhar ações que incidam sobre elas. Por isso, sou crítico à ideia de que o problema do Brasil seja a impunidade. Esta, na verdade, é consequência de uma questão muito anterior, que é a injustiça (e a falta de mecanismos que facilitem o acesso do cidadão à justiça).
      Na verdade, minha hipótese é a de que a gente pune até é demais (nós temos a terceira maior população carcerária do mundo). E punimos as pessoas erradas, e protegemos o andar de cima (no caso da Operação Lava Jato, que parecia estar corrigindo esse mal, vemos o mesmo problema, já que boa parte dos delatores, responsáveis pelos esquemas de corrupção, já foram soltos ou cumprirão penas muito inferiores a quem, por exemplo, roubou um sabão em pó em um supermercado).
      Na Suécia, como mostra o livro da Cláudia, as penas são em geral muito leves, e não só nos casos de corrupção. É que lá a maior pena que existe é a sociedade te ver com maus olhos por você ter rompido o princípio da igualdade tão importante por lá. Existe uma cultura política muito forte baseada na ideia de que ninguém é melhor do que ninguém: nem o juiz, nem o médico, nem o político, nem o empresário. Todo mundo vive junto, ocupa os mesmos espaços públicos. Se quisermos realmente enfrentar a corrupção no Brasil, teremos que desenvolver esse senso. Apenas punir exaustivamente é “enxugar gelo” – no mínimo, precisamos punir com uniformidade, o que é um raciocínio bem diferente. É imperativo que mudemos o “modelo mental” que temos sobre a corrupção. Um abraço.

    • Richard Beer says:

      Caro Sergio, agradeço a longa explicação, mas continuo cético na praxis. Como escritor/jornalista sueco, tenho uma teoria acerca de grau de corrupção em nossas sociedades ocidentais. É o reverso da medalha da ética de trabalho protestante, de Max Weber. Uma sociedade impregnada de valores católicos esta muito mais exposta à corrupção do que outra marcada por moral oriundo de valores luteranos, calvinistas, anglicanos, etc. Mesmo a França, com estado teoricamente laico 228 anos após a Revolução francesa, tem continualmente este problema de confundir interesses particulares e interesse publicos na sua esfera de poder. Que fazer, então, ao nível prático, para quebrar este paradigma? Só através de sanções duras para quem não respeitar a lei, SOBRETUDO entre os poderosos (ao inverso, punir alguem que nunca teve acesso a condições dignas de vida não faz muito sentido). No Brasil, se pune o pobre (faxineira ou desempregada que roubam uma galinha acabam na cadeia, enquanto Adriana Ancelmo, coitada, tem direito a prisão domiciliar para cuidar dos seus teenagers no Leblon!)… Concordo, a causa disto tudo é a injustiça social, dois pesos, duas medidas. Mas, afinal, como quebrar tal injustiça? Punir os privilegiados, ué, e acabar com privilegios absurdos, já seria um grande avanço! Um deputado, se souber que não escapará a anos de prisão fazendo trambiques, pensará duas vezes antes de cair no crime. Mesmo uma personagem pública sueca, com seu suposto rigorismo moral, poderá tentar ganhar dinheiro ilegamentel se não houver sanções verdadeiras. Creio que o o sistema judiciario brasileiro está ainda muito influenciado por doctrinas escusas e abstratas vindo do positivismo (que vingou meros 40 anos na Europa há dois seculos). Ganhará com mais pragmatismo, acompanhando a sociedade contemporanea. De certa maneira, corrupção é crime pior que homicidio (geralmente praticado por pobre), por que gangrena todos os valores da sociedade. Por isto há que haver tolerância zero com estas práticas certamente sociopatas…

    • Richard Beer says:

      Acrescento que é obvio que juizes e deputados, aliás qualquer cargo publico, nao podem decidir seus salarios, e pior, criar sistemas ubuescas de remunerações onde o salario só é uma modesta parte da remuneração real. Mas isto é outra questão, a de criar ume gestão eficiente e independente da res publica…

    • Sérgio Roberto Guedes Reis says:

      Richard, agradeço a resposta. Os estudos mais recentes sobre combate à corrupção têm revolucionado essa área de estudo no sentido de apontarem que o endereçamento da corrupção não é dependente de fatores culturais, mas essencialmente de elementos institucionais e societais. Na verdade, não é que a cultura não seja fator explicativo; a questão é que ela não é causa raiz do problema – ela atua como variável interveniente no processo. Então, o que autores como Rothstein, Teorell, Persson, Marquette, Uslaner, You, Treisman, entre outros buscam demonstrar é que casos em que a sociedade “deseja” a corrupção como estratégia válida para a chamada “boa vida” constituem exceções. A regra é a aversão a esse mal, e o reconhecimento de que, infelizmente, agir de tal forma constitui o “unico caminho possível” para a sobrevivência.
      Como corolário dessa abordagem temos que, em contextos em que a corrupção é sistêmica, as abordagens que incidem diretamente sobre o problema (ampliando penas, criando novos tipos penais, etc) tendem a ser consideravelmente mal sucedidas. Não por acaso esses autores apontam que essa linha interpretativa, costumeiramente baseada na interpretação econômica da matriz da teoria do “agente-principal”, foi largamente adotada nos países africanos nos últimos 20 anos (e, na minha opinião, também no Brasil – espero poder desenvolver essa hipótese em trabalho acadêmico de maior fôlego). E foram, lamentavelmente, mal sucedidas. Esse artigo de três dos autores citados acima conta de forma mais detalhada essa interpretação: http://weblaw.haifa.ac.il/en/JudgesAcademy/workshop3/Documents/A/D/Why%20Anti-Corruption%20Fail.pdf
      Então, esse enfoque mais behaviorista funcionaria melhor em nações nas quais o problema da corrupção é localizado: colocar a lupa em “caixas pretas” específicas realmente poderia fazer com que os setores mais corruptos fossem coagidos a mudar seu comportamento dada a pressão que sofreriam do resto da sociedade e das instituições, em geral mais íntegras. Quando, no entanto, a corrupção é generalizada como prática social (podemos falar do Brasil, de tradição católica, mas também da Africa do Sul, com tradições culturais bem diversas, inclusive com influência protestante), estamos observando um dilema de ação coletiva: nós não temos “principais” (o povo, ou segmentos da classe política, ou grupos burocráticos) com princípios, isto é, não temos setores que venham de fora e sejam mais éticos ao ponto de conseguirem controlar a corrupção dos demais – afinal, se a corrupção é rampante, temos um pouquinho dela dentro de cada um de nós. A consequência é termos grupos querendo impor seus padrões próprios de justiça sobre os segmentos corruptos, sem que haja mudança geral de comportamento. Pior, o que vemos, na verdade, é a corrupção piorar ainda mais: como uma bactéria, ela se reestrutura em um nível de sofisticação superior àquele que até então existia, e as instituições deixam de ter capacidade de incidir sobre essas novas formas. O sistema corrupto se rearranja – é o que vimos na Itália, por exemplo.
      Subsequentemente, essa interpretação propõe que se faça um ataque indireto – o que Rothstein chama de “Big Bang approach” – à corrupção: combate à desigualdade, fortalecimento dos níveis educacionais, do civismo e da produção de um bom governo – aquele capaz de ser imparcial, na avaliação dele. O caso sueco, na avaliação desse cientista político, é exemplar em mostrar a transição bem sucedida de uma nação francamente corrupta para a contemporânea.
      Em linhas gerais, é esse o fundamento da reflexão que proponho, a qual, de fato, vai na contramão de boa parte das teorias sobre corrupção que vigeram até bem recentemente na literatura internacional. Em síntese, acho que temos de ser duros, sim, mas não exatamente na punição aos malfeitos, mas sim aos fatores que os causam. Só assim, me parece, nos livraremos do círculo vicioso (também apontado na literatura) formado pela desigualdade social – diminuição da coesão social – descrença no papel do Estado – corrupção – ineficácia e ineficiência das políticas públicas – aumento da desigualdade social (…). Um abraço

    • Richard Beer says:

      A cultura vigente é somente terra propicia (ou não) ao fermento da corrupção; mas como no Brasil os poderosos manipulam leis e criam zonas francas extra-judiciais (“foro”), é preciso quebrar tudo aquilo por aqui mandando pau… Sejamos jacobinos! Na Italia (Vaticano!!!), mãe da corrupção institucional no Ocidente, os Eliott Ness locais fracassarem. Só torço para que o resultado final não seja igual no Brasil… Nâo podemos nós limitar a serem intelectuais ou retóricos nesse quesito, há de ser muito prático. Afinal, não é o “sexo dos anjos” que nós discutimos, vai diretamente no nosso bolso e os mais pobres, os “descamisados”, são os mais afetados destes crimes (que não são meros “malfeitos” por favor!!!!!).

  3. gamefly says:

    Link exchange is nothing else except it is just placing the other person’s blog link on your page at
    suitable place and other person will also do same
    in support of you.

  4. g says:

    It’s amazing to pay a quick visit this site and reading the views
    of all mates about this post, while I am also eager of
    getting know-how.

  5. download minecraft says:

    Somebody necessarily assist to make seriously
    articles I’d state. That is the first time I frequented your
    web page and thus far? I amazed with the analysis you
    made to create this actual submit incredible.
    Great job!

  6. download minecraft pc says:

    Fascinating blog! Is your theme custom made or did
    you download it from somewhere? A theme like yours with
    a few simple adjustements would really make my blog jump out.
    Please let me know where you got your design. Kudos

  7. minecraft pc download says:

    Howdy! This post could not be written any better! Reading this post reminds
    me of my previous room mate! He always kept chatting about this.
    I will forward this post to him. Pretty sure he will have a good
    read. Thanks for sharing!

  8. gamefly free trial says:

    Whats up this is kinda of off topic but I was wanting to know if blogs use WYSIWYG editors or if you have to manually code with HTML.
    I’m starting a blog soon but have no coding skills so I wanted to get guidance from someone with experience.
    Any help would be enormously appreciated!

  9. gamefly free trial says:

    Hi there are using WordPress for your site platform?
    I’m new to the blog world but I’m trying to get started and create my own. Do you
    require any coding knowledge to make your own blog? Any help would be really appreciated!

  10. gamefly free trial says:

    I’m really enjoying the theme/design of your weblog. Do you ever run into any web browser
    compatibility issues? A small number of my blog readers have complained about my site not operating correctly in Explorer but looks great in Firefox.
    Do you have any solutions to help fix this problem?

  11. gamefly free trial says:

    I feel that is among the most important info for me.
    And i’m glad reading your article. But should statement on few basic things, The web site taste is perfect, the articles is really nice : D.
    Just right job, cheers

  12. gamefly free trial says:

    Hi, Neat post. There’s a problem along with your web site in internet
    explorer, may check this? IE nonetheless is the market chief and a large part of
    other folks will leave out your fantastic writing because of
    this problem.

  13. gamefly free trial says:

    An outstanding share! I have just forwarded this
    onto a co-worker who had been conducting a little homework on this.
    And he actually ordered me dinner due to the fact that I discovered it for him…
    lol. So let me reword this…. Thank YOU for the meal!!
    But yeah, thanx for spending the time to talk about this subject here on your website.

  14. gamefly free trial says:

    Hello! Do you know if they make any plugins
    to help with Search Engine Optimization? I’m trying to get my blog to rank for some targeted keywords but I’m not seeing very
    good results. If you know of any please share. Thanks!

  15. quest bars cheap says:

    I don’t even know the way I ended up here, but I thought this submit was great.
    I do not recognise who you’re however certainly you’re going to a well-known blogger in case you aren’t already.
    Cheers!

  16. plenty of fish dating site says:

    First off I want to say excellent blog! I had a quick question in which I’d like to ask if
    you do not mind. I was curious to know how you center
    yourself and clear your thoughts prior to writing. I’ve had trouble clearing my mind in getting my ideas out there.
    I truly do take pleasure in writing but it just seems like the first
    10 to 15 minutes are generally wasted just trying to figure out how to
    begin. Any recommendations or hints? Thanks!

  17. quest bars cheap says:

    naturally like your web site however you need to check the spelling on several of your posts.
    A number of them are rife with spelling issues and I in finding it very bothersome to inform the reality on the other
    hand I will definitely come again again.

  18. Rose Fisher says:

    I have seen lots of useful points on your web-site about desktops. However, I’ve the view that notebook computers are still not quite powerful adequately to be a wise decision if you usually do things that require a lot of power, for example video touch-ups. But for world-wide-web surfing, word processing, and a lot other common computer functions they are perfectly, provided you do not mind the screen size. Appreciate sharing your thinking.

  19. quest bars cheap says:

    Thanks for the marvelous posting! I certainly enjoyed reading it, you are a great author.
    I will make sure to bookmark your blog and will often come back very soon. I
    want to encourage you to ultimately continue your great work, have a nice evening!

  20. Max Taylor says:

    Interesting article. It is quite unfortunate that over the last one decade, the travel industry has had to fight terrorism, SARS, tsunamis, influenza, swine flu, and the first ever real global economic collapse. Through all of it the industry has proven to be sturdy, resilient as well as dynamic, discovering new solutions to deal with adversity. There are often fresh complications and opportunity to which the business must just as before adapt and react.

  21. minecraft games says:

    With havin so much content do you ever run into
    any issues of plagorism or copyright violation? My site has a lot of unique content I’ve either written myself or outsourced but
    it looks like a lot of it is popping it up all over the
    internet without my agreement. Do you know any ways to help reduce
    content from being ripped off? I’d truly appreciate
    it.

  22. Pingback: Google

  23. bank hack add unlimited money says:

    A lot of of the things you state happens to be astonishingly accurate and that makes me wonder why I hadn’t looked at this with this light before. This particular piece truly did switch the light on for me personally as far as this topic goes. Nevertheless there is actually one particular position I am not really too comfortable with and while I make an effort to reconcile that with the main theme of your point, permit me see what the rest of your subscribers have to point out.Nicely done.

  24. Pingback: Top Hilton Head Island Schools

  25. Pingback: con heo dat

  26. Pingback: cbd

  27. Pingback: ebenin amini izle

  28. coconut oil our says:

    I think that is one of the such a lot important info for me.
    And i am happy studying your article. But wanna
    statement on some common things, The website style is ideal, the articles is actually nice : D.
    Excellent activity, cheers

  29. Pingback: w88 thailand

  30. plenty of fish dating site says:

    Does your website have a contact page? I’m having a tough time locating it
    but, I’d like to shoot you an email. I’ve got some recommendations for your blog you might be interested in hearing.
    Either way, great blog and I look forward to seeing it expand over time.

  31. http://tinyurl.com/vknylrr says:

    Hey this is kind of of off topic but I was wondering if blogs
    use WYSIWYG editors or if you have to manually code with HTML.
    I’m starting a blog soon but have no coding skills
    so I wanted to get guidance from someone with experience.
    Any help would be greatly appreciated!

  32. tinyurl.com says:

    Hi, i believe that i saw you visited my website so i came
    to go back the desire?.I am attempting to to find things to enhance
    my website!I suppose its good enough to make
    use of some of your ideas!!

  33. what coconut oil says:

    A motivating discussion is definitely worth comment.
    I believe that you ought to publish more on this subject matter, it may not be a taboo
    matter but generally folks don’t speak about these topics.
    To the next! Many thanks!!

  34. ps4 games says:

    Greetings from California! I’m bored at work so I decided to browse your blog on my iphone during
    lunch break. I enjoy the information you provide here and can’t wait to take a look when I get home.
    I’m shocked at how quick your blog loaded on my phone ..
    I’m not even using WIFI, just 3G .. Anyways, good blog!

  35. ps4 games says:

    Fantastic beat ! I would like to apprentice while you amend your web site, how could i subscribe for a
    blog site? The account helped me a acceptable deal.
    I had been a little bit acquainted of this your
    broadcast provided bright clear idea

  36. ps4 games says:

    Fantastic beat ! I wish to apprentice while you amend your web site, how could i subscribe for a blog website?
    The account aided me a acceptable deal. I had been a little bit acquainted of this your broadcast offered bright clear concept

  37. coconut oil says:

    I blog frequently and I truly thank you for your information. The article has really peaked my interest.
    I’m going to bookmark your blog and keep checking for new details about
    once a week. I opted in for your Feed as well.

  38. coconut oil says:

    Attractive section of content. I just stumbled upon your blog and in accession capital to assert that I acquire in fact enjoyed account your blog
    posts. Any way I will be subscribing to your augment and even I achievement
    you access consistently rapidly.

  39. Pingback: west georgia printing

  40. sling tv says:

    Does your blog have a contact page? I’m having a tough time locating it but, I’d like to send you an e-mail.
    I’ve got some recommendations for your blog you might be
    interested in hearing. Either way, great site and I look forward to seeing it
    improve over time.

  41. Abogados Para Accidentes Mesquite TX says:

    I intended to draft you one very little word so as to say thanks a lot yet again for the lovely strategies you’ve featured at this time. It is simply unbelievably open-handed of you to allow freely just what many of us could have made available as an e book to help make some money for themselves, precisely seeing that you might well have tried it in the event you considered necessary. These guidelines in addition acted to provide a great way to know that some people have a similar dream just as my own to see a great deal more with respect to this issue. I know there are many more fun times in the future for many who looked at your website.

  42. Todd Snively says:

    Hello would you mind stating which blog platform you’re working with? I’m planning to start my own blog in the near future but I’m having a tough time deciding between BlogEngine/Wordpress/B2evolution and Drupal. The reason I ask is because your layout seems different then most blogs and I’m looking for something unique. P.S My apologies for getting off-topic but I had to ask!

  43. sling tv says:

    Today, while I was at work, my sister stole
    my apple ipad and tested to see if it can survive a 25 foot drop, just so she can be a
    youtube sensation. My iPad is now broken and she has 83 views.
    I know this is entirely off topic but I had to share it with someone!

  44. sling tv says:

    Hello there! This post couldn’t be written much better! Reading through this article reminds me of
    my previous roommate! He constantly kept talking about this.
    I most certainly will send this article to him.
    Pretty sure he will have a great read. Thanks for sharing!

  45. pubg mobile hack ios says:

    Hi there! This article could not be written any better!
    Reading through this article reminds me of my previous roommate!
    He always kept preaching about this. I will send this post to him.
    Fairly certain he will have a good read. I appreciate
    you for sharing!

  46. fleck 5600 bypass valve says:

    With havin so much content do you ever run into any problems of plagorism or copyright infringement?
    My site has a lot of exclusive content I’ve either created myself or
    outsourced but it appears a lot of it is popping it
    up all over the internet without my authorization. Do you know
    any techniques to help stop content from being stolen? I’d genuinely appreciate it.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.