Riksdagens Hus / foto: photoguide.se
Os gabinetes parlamentares dos deputados suecos têm em média 15 metros quadrados, e decoração frugal. ”Os sofás são disputados, não temos para todos”, diz Ömer Oguz, porta-voz do Partido Social-Democrata na época. Ele aponta para um franzino sofá vermelho de três lugares, do tipo encontrado em lojas de móveis populares, no estilo da sueca IKEA.
Estamos no anexo parlamentar da Riksdagens Hus, a base dos deputados social-democratas. O edifício é uma antiga construção circular situada na Riddarhustorget, a poucos passos do Parlamento. O átrio central, aberto ao público, é dominado pela monumental escultura de uma mulher nua, que o artista Ivar Johnson batizou de ”Morgon” (”Manhã”). Em torno do átrio, pequenas passagens desembocam na rua Myntagatan e em vielas da Cidade Antiga.
Da entrada do complexo parlamentar vê-se a imponente torre da Catedral de Estocolmo (Storkyrkan), onde a princesa Victoria, herdeira do trono sueco, casou-se com seu ex-personal trainer em 2010. Mas por dentro, o tom é de austeridade.
Ao longo dos imensos corredores que percorro, cada porta se abre diretamente para um dos diminutos gabinetes parlamentares. Nenhum escritório de deputado possui hall de entrada com secretária, copa com máquina de café ou banheiro privativo. Apenas uma mesa simples em madeira clara com um computador, armários de prateleiras no mesmo estilo, e um aparelho de TV. Alguns gabinetes têm ainda uma pequenina mesa redonda.
Em cada andar, uma cafeteira automática localizada no corredor atende a cerca de 25 parlamentares. Deputados pegam ali os copos, de papel, e servem a si próprios. Alguns aproveitam para tirar do bolso suas caixas redondas de snus, o tradicional tabaco umedecido dos países escandinavos. O snus exala odor detestável, e é prova de que há gosto para tudo: embalado em papéis que lembram saquinhos de chá em miniatura, o tabaco é colocado entre a gengiva e a bochecha. É mais seguro que o cigarro, mas também é nocivo. Quem é contra, diz que é a ante-sala do vício.
Perto das cafeteiras, estão balcões com os jornais diários e publicações diversas. São para uso coletivo dos parlamentares: as assinaturas de jornais e revistas são custeadas pelo partido, e deputados não têm verba pessoal para assinar publicações.
”Podemos levar um jornal para ler no gabinete, e colocá-lo de volta em seguida no balcão”, diz o deputado Michael Hagberg.
”Não vejo necessidade de se pagar centenas de assinaturas individuais para cada deputado ter seus próprios jornais e revistas. Também podemos ler jornais e outras publicações na biblioteca do edifício, e há bibliotecas em cada complexo parlamentar”, acrescenta ele.
Nos corredores, estão ainda estações de reciclagem de lixo e armários que guardam material de escritório para os parlamentares.
Os menores gabinetes do Parlamento têm 10 metros quadrados. Os maiores têm em média 25 metros quadrados, e alguns chegam a 45 metros quadrados. São reservados aos líderes de partidos e presidentes de comissões parlamentares. No escritório de cerca de 30 metros quadrados do líder social-democrata, não há vestígio de luxo: seu privilégio é a garantia do sofá.