"Ele não pode me prender. Eu sou desembargador, ele 'tá' preso": vídeo expõe a arrogante justiça de um guardião da lei

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RADAR BRASIL
‘Eu sou o poder judiciário; vocês, seus favelados, um lixo a mais, um a menos’.  A virtuosa fala do cidadão de bem Luís César de Paula Espíndola, desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), coroou o tumulto protagonizado pelo guardião da lei no último dia 18: primeiro, Espíndola tentou jogar entulho ilegalmente em um terreno baldio da periferia de Curitiba. Diante do protesto dos moradores, o desembargador deu um soco no rosto de uma mulher.  Ao ver a agressão, um policial civil, residente em frente ao terreno, sacou uma arma e deu voz de prisão ao desembargador – que, ato contínuo, sacou a carteira do TJ e deu voz de prisão ao próprio policial.
A ópera bufa foi encerrada com um pedido de licença do desembargador durante 20 dias, por “motivo de saúde na família”.  Faltou dizer se trata-se de licença (bem) remunerada, conforme a lei costuma recompensar magistrados afastados de suas funções.
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Do ParanáPortal:

Desembargador joga entulho em terreno e dá voz de prisão a policial

O desembargador Luís César de Paula Espíndola, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), tirou licença do cargo nessa quarta-feira (18) após uma confusão entre ele e moradores da Vila Domitila, entre o bairros Cabral e Ahú, em Curitiba, no último sábado. Por telefone, a assessoria de gabinete informou que a licença por “motivo de saúde na família”  é válida por 20 dias.
O magistrado é acusado por moradores da região de ter agredido a dona de casa Ana Paula Bergmann, 43 anos, que reclamava do despejo de entulho em um terreno. Ao ver a agressão, o policial civil afastado Antonio Carlos Poleira sacou uma arma e deu voz de prisão ao desembargador.
Ana Paula afirma que o desembargador ignorou a revolta dos moradores. “Passou aquela caminhonete estranha aqui, com um caminhão de lixo. Eu vi aquilo e estranhei. Ele ia jogar o lixo na frente da casa do policial, um pouco pra frente da minha. O policial disse que ele não podia jogar lixo ali e ele (desembargador) disse ‘eu jogo onde eu quiser’. O vizinho me pediu pra filmar pra ele chamar o meio ambiente. Daí ele veio e me deu um murro. Quando eu estava no chão o assessor dele me puxou e deslocou meu dedinho”, conta.
“‘O senhor está preso’, ele dizia. ‘Eu sou o poder judiciário; vocês, seus favelados, um lixo a mais um a menos’. A gente se sente ameaçado pelo poder judiciário”, relata a moradora.
Confira os vídeos na íntegra: http://paranaportal.uol.com.br/policial/desembargador-joga-entulho-em-terreno-e-da-voz-de-prisao-a-policial/

Ana Paula fez exame de corpo de delito no IML
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O advogado Heitor Fabreti Amante, que representa o policial, afirma que a reação de Polera foi imediata ao ver a mulher agredida. “O desembargador – que nessa hora ninguém sabia que era desembargador – deu um soco no rosto da mulher que ela rolou no mato. O marido dela pediu pro filho buscar uma pochete que tinha uma arma. Ele sacou a arma e deu voz de prisão ao desembargador. Aí ele (Espíndola) tirou uma carteira com uma identificação do TJ e disse que o marido dela estava preso”, conta.
Poleira teria pego a chave da caminhonete do desembargador para impedir que ele saísse dele do local. Com a chegada da PM, Espíndola exigiu que o policial civil fosse preso. A PM, então, acionou o Centro de Operações Policiais Especiais da Polícia Civil para encaminhar Antonio Carlos à delegacia. Segundo o advogado, a arma dele é numerada e estava regular. “Arma numerada, regular, com carga para ele”, diz.
Segundo o advogado, o desembargador e um assessor foram à delegacia no próprio carro e o policial foi levado de viatura. “O desembargador foi pelo carro dele. Na delegacia, cheguei logo depois, o desembargador queria que o delegado prendesse o policial por desacato. Depois ficou dizendo que ‘esse delegadinho de bosta vai me criar problema’; xingou todo mundo de lixo, tentou agredir outras pessoas”, afirma o advogado.
Em um dos vídeos, o desembargador disse que ligou para a Central 156 da Prefeitura de Curitiba solicitando serviço de recolhimento de entulho. Em nota, a prefeitura informou que o Espíndola tem cadastro na Central 156, mas não consta nenhuma chamada recente com os três números de telefone que estão no cadastro. “A orientação para quem precisa fazer o descarte de mais de três carrinhos de resíduos vegetais é que procure uma empresa credenciada pela Prefeitura de Curitiba para a correta destinação dos resíduos,  sendo que o custo é pago pelo responsável pelo entulho. Outra opção é procurar uma das estações de sustentabilidade tipo 2, que recebem resíduos vegetais”, diz em nota.
O delegado Hormínio de Paula Lima Neto, titular do 5º Distrito Policial, no bairro Bacacheri, instaurou inquérito para apurar o caso. Ninguém foi preso.
Por telefone, a assessoria de gabinete do desembargador não quis passar contato para entrevista e apenas informou que ele estava em licença por 20 dias.
22 de Maio de 2016

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