RADAR BRASIL
Meritocracia brasileira: filha do ministro do STF Luiz Fux, a desembargadora Marianna Fux é um prodígio. Tornou-se desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio aos 35 anos de idade, apesar de queixas da categoria contra sua falta de prática jurídica, e aos 37 anos ostenta a posse de dois apartamentos milionários no bairro carioca do Leblon – o metro quadrado mais caro do Brasil -, um supersalário, um indecoroso auxílio-alimentação de R$ 1.800 e mais um auxílio-moradia de R$ 4.300. Que você paga.
Seu pai, Luiz Fux, foi o autor da polêmica decisão que ampliou, a todos os magistrados do Brasil, o direito de receber o auxílio-moradia.
Esta semana, a presidente do STF, Carmem Lúcia, avisou a dirigentes de associações de magistrados que vai colocar em votação, no início de março, a ação que pode acabar com o auxílio-moradia. Segundo informações da Coluna Painel da Folha de S. Paulo, o sinal agravou a troca de acusações nos bastidores das mais diversas instâncias do Judiciário.
Para ficar na renda de Marianna: reportagem do BuzzFeed Brasil mostra que, segundo o portal da Transparência, ela recebeu em novembro, além do auxílio-moradia de R$ 4.300, um salário de R$ 30,4 mil – e mais o obsceno auxílio-alimentação de R$ 1.800. A conta: R$ 36,5 mil por mês.
Com esses benefícios, conforme observa a reportagem do BuzzFeed, a desembargadora com menos de dois anos de tribunal recebe quase o mesmo que o pai, ministro do STF, que tem um salário de mês R$ 37,4 mil (penduricalhos à parte).
Vale lembrar: não faltaram controvérsias no processo de nomeação de Marianna Fux como desembargadora do TJ do Rio – ela teve seu nome impugnado por falta de prática jurídica, além de denúncia de que seu pai fizera intensa pressão para que a filha fosse indicada.
A candidatura de Marianna foi contestada na seccional do Rio da OAB por ela não ter comprovado o exercício profissional nos anos de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2014.
Um dos itens do regulamento para concorrer à vaga de desembargador é que o candidato comprove dez anos ininterruptos de exercício da advocacia. Mas o pedido de impugnação de sua candidatura foi derrubado.
Em setembro de 2014, antes da eleição ser interrompida pela impugnação à candidatura, a Folha de S. Paulo denunciou a pressão do ministro Luiz Fux a conselheiros da OAB/RJ para que Marianna tivesse seu sonho realizado: tornar-se desembargadora aos 33 anos.
Segundo o jornal apurou, Fux procurou conselheiros e desembargadores para pressionar pela aprovação da filha. Quatro conselheiros relataram que o ministro lembrou, durante as conversas, quais processos a seus cuidados poderiam chegar ao STF. Três desembargadores contaram que Fux os lembrou da candidatura de Marianna. Todos foram convidados para o casamento da filha.
Seis meses antes de assumir a vaga no TJ, Marianna ganhou do pai um apartamento localizado na rua Arthur Ramos, no Leblon.
Antes, em 2009, Marianna já tinha comprado seu apartamento, por R$ 1,2 milhão, na Avenida Afrânio de Mello Franco, também no bairro do Leblon.
No total, os dois foram registrados no cartório como valendo R$ 2,1 milhões. Mas o Leblon é conhecido pela forte valorização imobiliária e, hoje, os apartamentos valem mais do que isso.
Apesar disso, ela recebe religiosamente os R$ 4.300 mensais do auxílio-moradia.
Tudo dentro da lei, conforme enfatizam os guardiões da lei: ”A assessoria da desembargadora Marianna Fux informa que a desembargadora, à semelhança dos demais membros do poder Judiciário, recebe o auxílio-moradia na forma da lei e da resolução do CNJ”.
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20 de Janeiro de 2018
Do BuzFeed News Brasil:
Com dois apartamentos no Leblon, filha de Fux recebe auxílio-moradia de R$ 4.300
Desembargadora no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Marianna Fux recebe mensalmente auxílio-moradia de R$ 4.300, ao mesmo tempo que tem dois apartamentos no Leblon (Rio) que, por baixo, valem R$ 2 milhões.
Aos 37 anos, Marianna é conhecida pelo sobrenome famoso e pela rápida ascensão no judiciário. De discreta advogada, ela deu um salto na carreira ao tomar posse aos 35 anos como desembargadora do tribunal do Rio, na vaga reservada à advocacia.
Procurada pelo BuzzFeed News, ela afirma que recebe o valor de acordo com a lei e as regras do Conselho Nacional de Justiça.
Um dos principais apoiadores de Marianna para a obtenção da vaga de desembargadora foi seu pai, Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal.
Fux, por coincidência, é também autor de uma das decisões mais polêmicas (e caras) tomadas pela suprema corte brasileira nos últimos anos.
Em caráter liminar, ou seja, provisoriamente, ele ampliou, a todos os magistrados brasileiros que não recebiam, o direito de também ter o auxílio-moradia.
Marianna Fux é desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio desde 2016.
De acordo com o portal da Transparência, ela recebeu em novembro um salário de R$ 30,4 mil, auxílio-moradia de R$ 4.300 e um auxílio-alimentação de R$ 1.800. Na ponta do lápis: R$ 36,5 mil por mês.
Com esses benefícios, a desembargadora com menos de dois anos de tribunal recebe quase o mesmo que o pai, ministro do STF, que ganha por mês R$ 37,4 mil.
No Rio, o benefício é garantido por uma lei local de 2009, sancionada pelo então governador Sérgio Cabral (PMDB), atualmente preso pela Lava Jato.
Ao mesmo tempo que recebe o auxílio-moradia, Marianna tem dois apartamentos no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro. Ambos ficam a menos de um quilômetro da praia. Um deles, aliás, foi dado pelo pai.
No total, os dois foram registrados no cartório como valendo R$ 2,1 milhões. Mas o Leblon é conhecido pela forte valorização imobiliária e, hoje, os apartamentos valem mais do que isso.
Esse apartamento, localizado na rua Arthur Ramos, ela ganhou do pai em 2015, seis meses antes de assumir a vaga no TJ.
O valor atribuído na doação foi de R$ 920 mil. Esse apartamento é da família Fux desde a década de 1970 e foi dos pais do ministro. São três quartos, dois banheiros e uma vaga na garagem.
Hoje, um no mesmo prédio é vendido por R$ 2 milhões, sem estar reformado. Pelo valor do metro quadrado, é como se uma quitinete de 25 m² custasse algo como R$ 500 mil.
Antes, em 2009, Marianna já tinha comprado seu apartamento, por R$ 1,2 milhão. Também no Leblon. Dessa vez, na Avenida Afrânio de Mello Franco.
Procuradora, Marianna Fux disse por meio de sua assessoria que recebe os valores da mesma maneira que outros colegas, de acordo com a lei e o CNJ.
“A assessoria da desembargadora Marianna Fux informa que a desembargadora, à semelhança dos demais membros do poder Judiciário, recebe o auxílio-moradia na forma da lei e da resolução do CNJ”.